Marta, residente e domiciliada no Município X, Estado Y, apresentou dentro do prazo adequado sua Declaração
de Ajuste Anual de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) do ano de 2021, referente ao ano base de 2020,
declarando devidamente, entre outros acréscimos patrimoniais, os seguintes:
I - doação em dinheiro no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a ela feita por seu pai;
II - quantia de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) que recebeu, por rateio do patrimônio decorrente de
liquidação de entidade de previdência privada, correspondente apenas ao valor de suas respectivas contribuições devidamente atualizadas e corrigidas;
III - valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) referente a ação transitada em julgado em que houve condenação de certa empresa a pagar a Marta danos morais decorrentes de ilícito causado em relação de
consumo.
Os três valores anteriormente mencionados foram inseridos na Declaração em espaços dedicados a rendimentos
não tributáveis pelo IRPF, não tendo sido considerados na base de cálculo do imposto do ano-base de 2020.
Diante disso, Marta, em fevereiro de 2022, recebeu notificação da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB)
para comparecer a uma unidade de atendimento da SRFB a fim de prestar esclarecimentos pela ausência de
recolhimento de IRPF sobre os três valores acima presentes em sua Declaração de 2021.
Marta prestou esclarecimentos de que, quanto ao valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em razão de ser doação
em dinheiro de pai para filha de valor não muito alto, não foi celebrado contrato escrito de doação. Contudo, houve transferência bancária entre contas, em que consta no Extrato Bancário o registro feito por seu pai à época: “DOAÇÃO”. Afirmou, também, que ambos declararam devidamente a doação em suas Declarações de
Ajuste Anual de IRPF do ano de 2021, bem como a doação foi devidamente declarada e pago o respectivo
imposto ao Fisco Estadual.
Quanto aos dois outros valores (quantia de R$ 150.000,00 e quantia de R$ 25.000,00), asseverou que, segundo a
jurisprudência consolidada dos tribunais superiores, se tratavam de hipóteses em que não haveria incidência de
IRPF.
Os esclarecimentos, contudo, não foram acolhidos pelo Fisco federal, que lavrou auto de infração contra ela,
contendo lançamento suplementar de ofício cobrando o IRPF quanto aos valores acima apresentados, com a
devida atualização monetária, juros de mora e multa tributária.
Irresignada com a cobrança, Marta lhe procurou como advogado(a) para propor medida judicial visando a anular
tal auto de infração, tendo você optado por uma ação anulatória de lançamento tributário, uma vez que teria de
ser ouvido como testemunha o pai de Marta, o qual doara dinheiro a ela, mas sem contrato escrito.
A ação foi distribuída para a 1ª. Vara Federal do Município X. Na sentença, o juiz de 1º grau, embora tenha reconhecido a suficiência da instrução probatória, julgou improcedentes os pedidos de Marta e condenou-a nos
ônus de sucumbência.
Diante deste cenário, como advogado(a) de Marta, ciente de que se passaram 10 dias úteis da intimação da sentença, redija a peça adequada para, no bojo deste mesmo processo, tutelar o interesse de sua cliente,
atacando a sentença prolatada (não sendo necessário apresentar relatório dos fatos). (Valor: 5,00)
Obs: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
João foi condenado, em sentença transitada em julgado, à pena privativa de liberdade pela prática de crime hediondo. Após cumprir a pena, o que foi devidamente declarado pelo órgão competente, compareceu perante a Justiça Eleitoral e requereu o restabelecimento dos seus direitos políticos.
O requerimento, no entanto, foi administrativamente denegado, por escrito, sob o fundamento de que João continuaria impossibilitado de exercer os seus direitos políticos enquanto o registro da condenação constasse de sua folha penal. Acresça-se que, contra a referida decisão, não era cabível recurso que permitisse a João a imediata fruição dos direitos políticos.
Sobre a hipótese apresentada, responda aos questionamentos a seguir.
A - A decisão administrativa de indeferimento é compatível com a ordem constitucional? (Valor: 0,65)
B - Qual ação constitucional pode ser ajuizada por João para se insurgir contra a decisão administrativa que
denegou o seu requerimento e readquirir os direitos políticos? (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
O Estado Alfa editou a Lei nº XX, estatuindo comandos direcionados à estruturação do sistema de proteção a
determinado animal silvestre que estava ameaçado de extinção. Pouco tempo depois, sobreveio a Lei federal nº
YY, dispondo em sentido diametralmente oposto à Lei nº XX, sendo certo que, até então, a União não legislara
sobre a matéria.
Sobre a hipótese apresentada, responda aos questionamentos a seguir:
A - A Lei federal nº YY é formalmente compatível com a CRFB/88? (Valor: 0,60)
B - Caso a Lei federal nº YY seja revogada, os comandos da Lei nº XX deverão ser cumpridos? (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação
Com o objetivo de estimular o crescimento econômico e aumentar a oferta de empregos, a Lei nº XX, do
Município Alfa, grande metrópole brasileira, dispôs que os órgãos administrativos, ao analisarem os requerimentos de instalação de indústrias no território do Município, não devem solicitar quaisquer documentos
que possam postergar a concessão da licença. Entre esses documentos, foi expressamente mencionada a análise
técnica prévia da atividade que tenha potencial para causar grave degradação ambiental.
Inconformado com essa situação, o Partido Político WW, que conta com representação no Senado Federal,
solicitou que seu(sua) advogado(a) respondesse aos questionamentos a seguir.
A - A Lei nº XX, do Município Alfa, é materialmente compatível com a Constituição da República de 1988?
(Valor: 0,65)
B - Qual é a ação cabível para que o Partido submeta a Lei nº XX do Município Alfa ao controle concentrado
de constitucionalidade diretamente perante o Supremo Tribunal Federal? (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
O Governador do Estado Alfa foi intimado, pelo Tribunal de Justiça local, de acórdão proferido pelo colegiado
competente, o qual, com fundamento na isonomia, confirmou sentença de primeiro grau e determinou o reajuste dos vencimentos dos servidores públicos estaduais, com base no índice federal de correção monetária utilizado, por determinação legal, para os servidores federais.
À luz da narrativa acima, responda aos questionamentos a seguir.
A - O acórdão do Tribunal de Justiça do Estado Alfa é compatível com a ordem constitucional? (Valor: 0,60)
B - Considerando a ausência de prequestionamento de norma constitucional na instância ordinária, qual é a
medida constitucional cabível para que a causa seja submetida à apreciação do Supremo Tribunal Federal?
(Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
O Estado Alfa, com o declarado objetivo de uniformizar a atividade e zelar pela qualidade do serviço de transporte coletivo municipal, de modo a proteger os interesses do consumidor, promulgou a Lei nº XX, que entrará em vigor dentro de 30 (trinta) dias.
De acordo com o Art. 1º desse diploma normativo, o serviço de transporte coletivo municipal prestado em cada Município situado no território do Estado deverá atender ao extenso rol de especificações previstas nos incisos desse preceito, que variavam desde o tamanho e o conforto dos veículos até o número mínimo de linhas e de
veículos em circulação nos finais de semana. O Art. 2º dispôs sobre as normas gerais para a licitação do serviço, que poderiam ser suplementadas pelos Municípios, de modo a atender às peculiaridades locais. Por fim, o Art. 3º determinou que o Art. 1º da Lei nº XX deveria ser imediatamente aplicado aos contratos de concessão em curso,
realizando-se as adaptações que se fizessem necessárias na prestação do serviço.
O Partido Político Beta, com representação na Câmara dos Deputados e que defende fortemente o liberalismo econômico, fez severas críticas à Lei estadual nº XX, pois, ao seu ver, além de ser flagrantemente inconstitucional, a sua implementação poderia levar à ruína econômica das sociedades empresárias que se dedicam à exploração
dessa atividade, que teriam seus custos potencializados e seriam obrigadas a paralisar o seu funcionamento.
Com isso, o efeito seria contrário àquele preconizado pelos idealizadores da lei, pois o usuário do serviço, ao invés de ser beneficiado, seria severamente prejudicado.
Considerando a narrativa acima, na condição de advogado (a) do Partido Político Beta, elabore a peça processual cabível de controle concentrado de constitucionalidade, de modo que seja realizado o cotejo da Lei estadual nº XX com a Constituição da República, perante o órgão constitucional diretamente incumbido de sua guarda. (Valor: 5,00).
Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
Renato e Jorge são servidores públicos federais estáveis e ambos se recusaram a apresentar a declaração anual
de imposto sobre a renda solicitada pela autoridade administrativa competente, a que estão submetidos, no
prazo determinado, no ano corrente.
A conduta de Renato decorreu de receio concernente a vultoso incremento patrimonial em virtude do
recebimento de uma inesperada herança de um parente distante. Já a recusa de Jorge decorreu de seu
patrimônio ter triplicado a descoberto de um ano para o outro, de modo que ele não conseguiria demonstrar a
origem lícita de tal acréscimo desproporcional em seus bens.
Diante dessa situação hipotética, responda aos itens a seguir.
A - Renato e Jorge podem ser demitidos administrativamente em razão da recusa em prestar a declaração anual
de imposto sobre a renda no prazo determinado pela autoridade competente? Justifique. (Valor: 0,65)
B - O incremento do patrimônio de Jorge pode caracterizar ato de improbidade administrativa? A quem
compete demonstrar a licitude da origem da evolução patrimonial? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
No ano corrente, a sociedade empresária Correcta praticou conduta que caracteriza, a um só tempo, violação à
nova lei de licitações e contratos (Lei nº 14.133/21) e ato lesivo à Administração Pública federal (Lei nº 12.846/13
– Lei Anticorrupção).
Ciente de que tanto a Administração Pública quanto o Ministério Público estão tomando as medidas pertinentes
para a responsabilização com fulcro em cada uma das mencionadas normas, os dirigentes da sociedade empresária Correcta procuram você, como advogado(a), para prestar assessoria jurídica.
Diante dessa situação hipotética, responda aos questionamentos a seguir.
A - É possível a apuração e o julgamento em conjunto pelas infrações administrativas caracterizadas em
decorrência da conduta da sociedade empresária Correcta nos mesmos autos do processo administrativo de
responsabilização? Justifique. (Valor: 0,60)
B - Eventual sancionamento na esfera administrativa afasta a possibilidade de o Ministério Público ajuizar ação
com vistas a obter a responsabilização civil/judicial da sociedade empresária Correcta por ato lesivo à administração em decorrência da conduta em questão? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação
José é servidor público federal estável e, no exercício de suas atribuições, retirou documentos da repartição sem
prévia anuência da autoridade competente, motivo pelo qual, após sindicância, garantidos o contraditório e a
ampla defesa, foi advertido por escrito. Posteriormente, José reincidiu na aludida conduta, de modo que, após
nova sindicância, foi a ele aplicada a pena de suspensão pelo prazo de 30 dias.
Inconformado, José ajuizou ação para anular as referidas penalidades ou, eventualmente, substituir a pena de
suspensão por multa.
Diante da situação descrita, na qualidade de advogado de José, responda aos questionamentos a seguir.
A - A sindicância é cabível para as penalidades aplicadas a José? Justifique. (Valor: 0,60)
B - José tem direito subjetivo de substituir a penalidade de suspensão pela de multa? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
A sociedade empresária Águas Claras é concessionária prestadora do serviço público de abastecimento de água
no Município Beta e, no último ano, teve recorde em seus lucros. Alberto, empregado da sociedade empresária
Águas Claras, após reclamação de Maria, usuária do serviço, realizava reparo na rede de abastecimento de água
potável em via pública em frente à casa da usuária, quando manuseou com muita força seu instrumento de
trabalho, causando a ruptura total da tubulação.
A conduta de Alberto fez com que, imediatamente, jorrasse água com muita pressão no veículo do turista João
(não usuário do serviço público), que passava pelo local naquele momento, causando-lhe danos materiais pela
quebra dos vidros de seu carro. Ademais, os jatos de água também quebraram o portão elétrico de entrada da
casa de Maria.
Na qualidade de advogado(a) contratado(a) por João e Maria para ajuizar ação indenizatória pelos danos
materiais sofridos, responda às perguntas a seguir levando em conta a estratégia jurídica que demande menor
ônus probatório para seus clientes.
A - Em face de quem deverão ser manejadas as ações judiciais a serem propostas? Justifique. (Valor: 0,65)
B - Qual tipo de responsabilidade civil deve embasar as ações indenizatórias a serem ajuizadas por Maria
(usuária do serviço público) e por João (terceiro, não usuário do serviço público)? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.