O Ministério Público do Estado de Santa Catarina, por intermédio de Promotor de Justiça da comarca da Capital (Florianópolis) instaurou o inquérito civil nº 15/2011, com o objetivo de apurar a falta de vaga em creche para atender as crianças de 0 a 5 anos residentes no município, em razão do recebimento de abaixo-assinado colhido nos bairros do norte da ilha solicitando providências, de representações remetidas pelos Conselhos Tutelares de Florianópolis e de reportagens veiculadas na imprensa sobre a situação.
Pela instrução do referido inquérito constatou-se:
a - Conforme Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento Social, em 2010, últimos dados disponíveis, havia em Florianópolis, 11.379 famílias vivendo com renda de 1?2 salário mínimo per capta. Considerando que cada família possui em média 2(dois) filhos, há cerca de 22.000 (vinte e duas mil) crianças e adolescentes vivendo em condições de vulnerabilidade social no município;
b - Que entre as crianças residentes em área de vulnerabilidade social e que não estão frequentando creche ou pré-escola, o índice de mortalidade infantil e de violação de outros direitos fundamentais da criança é três vezes maior do que entre aquelas que não as frequentam;
c - Há 2.000 (duas mil) crianças cadastradas na fila de espera por vaga em creche ou pré-escola no município;
d - Como não se logrou êxito em firmar Termo de Ajustamento de Conduta, com supedâneo no inquérito civil n. 15/2011 o Ministério Público aforou Ação Civil Pública objetivando assegurar a proteção do direito à educação infantil;
e - A ação supracitada foi julgada improcedente, sob o argumento de que não se inclui no âmbito das funções institucionais do Poder Judiciário a atribuição de formular e de implementar políticas públicas, não podendo ele intervir na esfera reservada de outro Poder. Traz ainda a sentença, como fundamentação, a limitação de recursos alegada pelo Poder Executivo, aplicando-se ao caso a cláusula da ‘reserva do possível’.
Diante do relatado, na condição de Promotor de Justiça, manifeste-se sobre os seguintes pontos (não há necessidade de elaboração de peça processual):
1 - Se o candidato fosse o subscritor da inicial da Ação Civil Pública referida nesta questão, letra “d”, qual seria o juízo competente e o polo passivo da ação? Justifique.
2 - Qual é a fundamentação jurídica a ser invocada na ação mencionada na letra “d” desta questão, para a garantia do direito invocado? Explique e cite os dispositivos legais pertinentes.
3 - Qual(is) a(s) providência(s) a ser(em) adotada(s), na condição de Curador da Infância e Juventude, visando efetivar o direito à educação infantil, ao ser intimado da sentença que julgou improcedente a Ação Civil Pública aforada (letra “e”)? Qual o embasamento legal?
4 - Exponha a argumentação jurídica que apresentaria com vistas a rechaçar a fundamentação apresentada na sentença combatida (letra “e”). Mencione os dispositivos legais que embasam a tese defendida pelo Ministério Público.
Aponte os princípios que fundamentam a proteção integral da criança e do adolescente (artigo 1° da Lei n. 8.069/90). Essa doutrina possui correlação com o princípio do superior interesse da criança e do adolescente, previsto no artigo 1.584 do Código Civil?