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Lúcia, mulher cisgênero de 42 anos, servidora pública, mãe de dois filhos (8 e 12 anos), procura a Defensoria Pública com renda compatível com o atendimento pela instituição, noticiando que vive uma situação de endividamento, sobrando poucos recursos para a manutenção de sua família. A assistida noticia que a situação de endividamento iniciou com a morte do seu companheiro, pai de seus filhos, quando teve de assumir sozinha todas as despesas da família. Após apresentar sua relação de ganhos e de gastos ordinários, que culminam no fato de que aufere R$ 400,00 (quatrocentos reais) mensais após os descontos das dívidas contraídas, com o que sustenta a si e ao seu corpo familiar, Lúcia apresenta as seguintes dívidas que estão em atraso (inadimplidas): (i) cartão de crédito; (ii) dívida com loja de roupas e de variedades; (iii) prestação do seu veículo com instituição financeira; (iv) prestação de financiamento de seu apartamento (contrato que possui garantia real); (v) parcelamento de seu apartamento; (vi) parcelamento de dívida com pessoa física em razão de acordo firmado devido a acidente de trânsito; (vii) contas com fornecimento de telefonia com operadora privada. Ainda, a assistida apresenta as seguintes dívidas que estão sendo pagas (adimplidas): (viii) três contratos de crédito com pagamento consignado diretamente em seu salário; (ix) contrato de financiamento com débito em sua conta corrente; (x) conta de supermercado negociada com pagamento mensal em boleto (faltando dezenas de prestações); (xi) contas com fornecimento de água e de energia elétrica.
Com base no caso proposto e na realidade socioeconômica existente, disserte sobre os seguintes aspectos do superendividamento e da forma de seu tratamento, apresentando as peculiaridades da situação fática:
a. avalie a configuração do superendividamento da assistida, apresente o conceito dessa categoria jurídica e indique os sujeitos que estão excluídos do procedimento de tratamento.
b. cite ao menos três aspectos da realidade socioeconômica atual que indicam a ampliação dos riscos de endividamento do consumidor brasileiro.
c. a partir do caso proposto, cite as dívidas que estariam abarcadas e as dívidas que estariam excluídas do procedimento de tratamento do superendividamento, citando as bases legais existentes.
d. aponte e justifique o cabimento ou o descabimento da cumulação da pretensão de repactuação das dívidas com a pretensão de revisão e integração dos contratos, citando as bases legais existentes.
(30 linhas)
(10 pontos)
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Senhor João Brasileiro Paranaense, de 78 anos, está com 95% de sua aposentadoria (e única renda) de R$ 3.000,00 comprometida com empréstimos a cinco bancos: 30% em empréstimos consignados a dois bancos e 65% com empréstimos a três bancos. Para seu mínimo existencial, Senhor João precisa de, no mínimo, 50% da sua renda (R$ 1.500,00) e procura você, enquanto defensor(a) público(a), para que possa fazer o tratamento do seu superendividamento conforme o CDC atualizado pela Lei nº 14.181/2021.
Foi, então, elaborado pedido de repactuação de dívidas com plano de pagamento no qual 50% da renda (R$ 1.500,00) de Senhor João seria destinado ao seu mínimo existencial e 50% da renda (R$ 1.500,00) para o pagamento dos empréstimos. Na audiência de conciliação prevista no artigo 104-A do CDC, não foram apresentadas, pelos bancos, propostas de conciliação, sob o argumento de que o Decreto nº 11.150/2022, alterado pelo Decreto nº 11.567/2023 (Decreto do Mínimo Existencial), limitaria o mínimo existencial a R$ 600,00.
Nesse contexto, quais providências você, como defensor(a) público(a), adotaria para preservar os direitos do Senhor João Brasileiro Paranaense, consumidor idoso (e, assim, hipervulnerável) e superendividado?
(6,25 pontos)
(25 linhas)
A prova foi realizada com consulta a códigos e(ou) legislação.
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A Lei nº 14.181/2021, chamada “Lei do Superendividamento”, promoveu relevantes avanços na legislação consumerista para proteção dos vulneráveis, com vista à garantia do mínimo existencial.
De acordo com tal inovação legislativa e o pertinente regulamento, sem transcrições, bem como considerando doutrina e jurisprudência:
a) discorra acerca do conceito de superendividamento e exclusões, inclusive distinguindo o conceito de outras hipóteses, como inadimplemento, insolvência e endividamento (3,0 pontos);
b) aponte as bases principiológicas e normativas (inclusive constitucionais) em que se funda tal proteção (4,0 pontos); e
c) analise a responsabilidade do agente financiador na concessão de crédito, ante o teor da súmula 297 do STJ. (3,0 pontos)
(10 pontos)
(Edital e caderno de provas sem informação sobre o número de linhas)
A prova foi realizada com consulta a códigos e(ou) legislação.
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