Flávio figurava como indiciado em procedimento em que se investigava a prática do crime de concussão. Após
não mais ter disponíveis outros meios de investigação, o Ministério Público formulou requerimento de interceptação das conversas telefônicas de Flávio, sendo o pedido deferido pela autoridade judicial pelo prazo de 10 dias.
No período interceptado, todas as conversas de Flávio foram transcritas. Em uma das conversas interceptadas,
Flávio mantinha contato com seu advogado João e confessava a autoria do crime de concussão, solicitando
orientação jurídica, sendo possível perceber que João não teria qualquer conhecimento anterior sobre aquela
prática delitiva. A partir do teor das transcrições das conversas de Flávio, o Ministério Público ofereceu denúncia
em desfavor do mesmo, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 316 do Código Penal.
Ao tomar conhecimento da denúncia, Flávio contata seu advogado, que tem acesso ao procedimento, inclusive ao teor das transcrições obtidas a partir da interceptação das conversas telefônicas. Durante a instrução, após
requerimento do Ministério Público, o juiz determina, sem anuência do acusado e de sua defesa técnica, que seja
realizada perícia de voz em Flávio para confirmar que ele seria um dos interlocutores da conversa, intimando-o para apresentar gravação a servir de paradigma para o exame.
Considerando apenas as informações expostas, responda, na condição de advogado(a) de Flávio, aos itens a
seguir.
A - Qual o argumento a ser apresentado para questionar a prova obtida a partir da interceptação das
comunicações telefônicas? Justifique. (Valor: 0,60)
B - Existe argumento a ser apresentado para questionar a decisão do magistrado que determinou a realização
da perícia de voz, com apresentação de gravação que servisse de paradigma à perícia? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação